Retorno do Blog “Jung no Espirito Santo”

Depois de 3 anos sem atividades, resolvemos retomar as publicações  do Jung no Espirito Santo e inseri-lo de fato como um projeto do CEPAES.

Em 2017, eu e Kelly Tristão iniciamos as atividades do Centro de Psicologia Analítica do ES – com espaços de discussão e o curso de capacitação em psicologia analítica. Outros cursos foram realizados e o blog Jung no Espirito Santo ficou sem espaço. Contudo, com uma história que teve seu início em 2010 e que auxiliou na abertura de caminhos para o CEPAES, não poderia apenas ser abandonado e deletado.

Atualmente, a estrutura virtual do CEPAES  conta com nosso site oficial, nossa fanpage no facebook, perfis no instragram do CEPAES, onde divulgamos a maior parte de nossas atividades e o perfil “Feminilidade Junguiana” que é um projeto incrível de Kelly Tristão, e o podcast “Amplificando Jung” que está no início.

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Podcast “Amplificando Jung” – https://anchor.fm/amplificandojung

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Fabrício Fonseca Moraes (CRP 16/1257)

Psicólogo Clínico de Orientação Junguiana, Especialista em Teoria e Prática Junguiana(UVA/RJ), Especialista em Psicologia Clínica e da Família (Saberes, ES). Diretor do Centro de Psicologia Analítica do CEPAES. Formação em Hipnose Ericksoniana. Coordenador do “Grupo Aion – Estudos Junguianos”  desde 2012 Atua em consultório particular em Vitória desde 2003.

Contato: 27 – 99316-6985. /e-mail: fabriciomoraes@cepaes.com.br/ Twitter:@FabricioMoraes

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Indicação de Livros : “Psicanálise Junguiana” e “Psicologia Analítica”

O pensamento junguiano é extremante rico e diverso. É realmente uma pena muitos não conheçam essa extensão, pois, no Brasil estamos muito acostumados com livros voltados ao pensamento clássico e da psicologia arquetípica. Por isso, a publicação dos “Psicanálise Junguiana” de Murray Stein e o “Psicologia Analítica” de Linda Carter e Joseph Cambray pela editora vozes são tão importantes.

Psicanálise Junguiana:  Trabalhando no espírito de C.G.Jung

Editado por Murray Stein, em 2010, o “Psicanálise Junguiana” ganhou sua tradução em 2019.

É um livro com grande complexidade, são cerca de 40 autores em 36 artigos em 591 paginas. Distribuídos nos eixos:

– Objetivos

– Métodos

– Processo Analítico

– Tópicos Especiais

– Formação

O livro já desperta interesse pelo título que causa um pouco de estranheza para o público junguiano brasileiro, que não está acostumado com o termo psicanálise junguiana. Murray Stein justifica em seu prefácio que a “Psicanálise Junguiana é o nome contemporâneo da aplicação prática da psicologia analítica” (p.18).  Apesar de alguns junguianos há algum tempo se denominarem “psicanalistas junguianos” no Brasil é bem incomum.  Acreditamos que isto esteja relacionado com a formação do pensamento junguiano brasileiro, intimamente relacionado com a escola clássica e com um forte afastamento da psicanálise. Vale a pena lembrar que a psicanálise que Jung criticava em suas páginas não corresponde a psicanálise contemporânea.

O livro como um todo apresenta um mosaico que envolve estudos associados a emergência, sistemas complexos adaptativos, complexos culturais, intersubjetividade, trauma, adolescência, infância e sobre formação.  Essa amplitude abre as portas para novos estudos e novas percepções acerca da psicologia junguiana, uma janela para os estudos contemporâneos.

Psicologia Analítica: Perspectivas Contemporâneas em analise junguiana

Recém lançado pela vozes em 2020, o livro “Psicologia Analitica” Editado por Cambray e Carter tem sua publicação original em 2004.

Este livro nos apresenta um panorama sobre a história, teoria e prática junguiana . Com 11 artigos e pouco mais de 400 páginas fornece uma visão impar do pensamento junguiano contemporâneo.  

Um aspecto importante desta obra é seu caráter crítico. A história junguiana é recontada sem romantismo e sem idealizações, dando uma visão da formação de alguns dos principais grupos junguianos.

Os artigos de John Beebe sobre tipos psicológicos (incluindo apontamentos do MBTI), Jean Knox com uma percepção junguiana da organização psíquica relacionada com neurociência cognitiva e teoria do apego, Thomas Singer e Samuels Kimbles sobre complexos culturais oferecem uma visão ímpar de construções junguianas contemporâneas.

Qual livro é melhor?

 Ambos são excelentes e se complementam. O Psicologia Analítica oferece um visão mais aprofundada, mas, com temas são mais restritos (como dissemos são 11 capitulos ao passo que o psicanálise junguiana são 36). A maior parte dos autores do Psicologia Analítica também participaram do Psicanálise junguiana.  

São livros indispensáveis para quem quer estudar o pensamento junguiano contemporâneo.

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Fabrício Fonseca Moraes (CRP 16/1257)

Psicólogo Clínico de Orientação Junguiana, Especialista em Teoria e Prática Junguiana(UVA/RJ), Especialista em Psicologia Clínica e da Família (Saberes, ES). Diretor do Centro de Psicologia Analítica do CEPAES. Formação em Hipnose Ericksoniana. Coordenador do “Grupo Aion – Estudos Junguianos”  desde 2012 Atua em consultório particular em Vitória desde 2003.

Contato: 27 – 99316-6985. /e-mail: fabriciomoraes@cepaes.com.br/ Twitter:@FabricioMoraes

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 “A Bela e a Fera”, “O Barba Azul” e a violência contra a mulher – algumas reflexões

Por Fabrício Moraes 

Os mitos e contos de fadas são uma rica fonte de conhecimento, inspiração e de trabalho para os psicólogos junguianos. Podemos compreendê-los como metáforas de nossa realidade, de nossa condição humana, pois eles espelham os arquétipos e, assim, falam justamente do aspecto universal que nos constituem como espécie.

Assim, os contos de fadas falam de nós, de quem somos tanto em nossa individualidade quanto em nossas relações sociais. Joseph Campbell nos chamava a atenção que os mitos e contos de fadas possuem funções, dentre as quais, está a função pedagógica, ou seja, os mitos e contos de fadas nos ensinam algo fundamental sobre nós mesmos, tão fundamental que foram fixados na cultura na forma de narrativas.

Frequentemente, no meio junguiano, pensamos os contos de fadas a partir de nossos objetos internos, nossas imagens internas como a anima, persona, sombra etc…  Contudo, essa não é a única forma de compreender a relação dos contos de fadas em nosso cotidiano. Pois, os contos fornecem metáforas para compreender de nossas relações sociais, nossa prática clínica, permitindo uma leitura da realidade.

Nesse sentido, gostaria de fazer uma provocação, ampliando a nossa percepção dos, pois, vejo nos contos “A Bela e a Fera” e “O Barba Azul” uma clara narrativa de violência contra a mulher, e gostaria de fazer algumas reflexões sob essa perspectiva. Caso algum leitor não que não se recorde dos contos eu indico a leitura dos contos nos links a seguir: da bela a fera(clicando aqui) e do barba azul (clicando aqui).

A violência contra a mulher não é fenômeno contemporâneo, muito pelo contrário, ao longo de toda história temos incontáveis registros desse tipo de violência.  No Brasil a violência contra a mulher atinge índices ainda mais alarmantes, em 2015 nosso país foi apontado como o quinto país do mundo em violência contra a mulher. O que os contos de fadas poderiam dizer sobre essa realidade?

Primeiro, devemos considerar que esses dois contos possuem similaridades falam de duas jovens que se casaram com homens abusivos, falam da colaboração da família nesse abuso, falam de homens escondem segredos, que usam do poder (um as riquezas e outro força, ameaças) para conseguir o que querem. E, em ambos tem um final feliz, ou pela morte (do barba azul) ou pela transformação da fera.

Devemos notar o modus operandi, onde no conto do Barba Azul a jovem foi enganada, aspirando por um relacionamento seguro, uma vida próspera ela aceita casar com o Barba Azul. No conto da Bela e a Fera, a Bela se vê na necessidade de salvar seu pai e, para tanto, se entrega nas garras da fera.

Acredito ser bem fácil notar a similaridade com nossa realidade. Em nosso dia a dia, é muito comum ouvirmos “mas, ele não era assim” ou “ ele sempre foi atencioso” (tal qual o Barba Azul) e as mentiras utilizadas por esses homens abusivos/agressores tem como efeito principal a culpa e o sentimento de fizeram algo errado, minando a autoestima e aprisionando-as cada vez mais nessa relação perversa. Da mesma forma, é comum vermos como a necessidade (seja ela afetiva ou material) é usada por homens agressores para produzir a dependência material ou emocional como forma de prender as mulheres.

Os contos nos mostram que um dos fatores predominantes nessas agressões é a cumplicidade social. Em ambos os contos, vemos uma complacência da família com os homens abusivos(o Barba Azul e a Fera). Temos em nossa cultura uma conivência com a violência, que se manifestam muito cedo no machismo e sexismo na infância. Ou fator é religião que contribui com a violência, temos igrejas negligenciam saúde e a vida de muitas mulheres em nome de um casamento indissolúvel, onde essas mulheres só podem orar pela “conversão” ou “mudança” de seus maridos.

Assim, esses contos falam de elementos que se repetem no dia a dia com quais nos deparamos cotidianamente seja no consultório, nas igrejas ou nos noticiários. Apesar desses contos apontarem para a possibilidade do “final feliz”, eles não negam os inúmeros “finais infelizes”, que vemos retratados no Barba Azul, na cena onde a jovem esposa abre o quarto proibido,

“Não conseguia enxergar nada, as janelas estavam fechadas. Aos poucos seus olhos foram se acostumando à escuridão e começou a perceber que o assoalho estava todo recoberto por sangue coagulado, e que naquele sangue se refletiam os cadáveres de muitas mulheres mortas, as antigas esposas do Barba Azul, dependuradas ao longo das paredes, degoladas e enfileiradas num espetáculo macabro e aterrador”

Os cadáveres das antigas esposas refletem os inúmeros finais infelizes. Os finais infelizes refletem nossa realidade, refletem nossa cultura que não só cria novos “barbas azuis” e novas “feras”, mas também impõe às muitas mulheres a responsabilidade pelos “finais felizes” suportando os abusos e sofrimentos esperando a transformação desses homens. Essa concepção, presente na Bela e a Fera, reside no ideal romântico de que o “amor tudo vence”, onde a Bela seria recompensada pelo seu sofrimento. Pessoalmente, vejo nisso uma armadilha perversa (digna de um Barba Azul), pois, no geral só tende a produzir culpa nas mulheres e prendê-las ainda mais nesses relacionamentos abusivos.

Voltando aos contos, acredito que precisamos olhar com mais atenção aos modelos de masculinidade apresentada, pois, há uma cumplicidade com a violência seja pelo consentimento claro (como o pai e os irmãos da Bela), ou no Barba Azul, onde temos omissão das figuras masculinas dos irmãos, que só aparecem no último instante, não representam o eros masculino – que cuida, protege, potencializa- mas, o poder da lei o do estado (são soldados, dragões e mosqueteiros).

O desfecho dos contos nos da falam a necessidade de mudança desses modelos de masculinidade que colaboram com a violência, sejam eles ativos engando, matando e ameaçando (barba azul e a Fera) e os passivos (pai, irmãos) que são agentes indiretos da violência. A necessidade de mudança é expressa na morte do barba azul e na transformação da fera em príncipe. Acho perturbador que numa visão clássica essa transformação condicionada à analise pessoal, pois, é insuficiente. Deveríamos voltar nossos olhos para a educação, para os movimentos sociais, para todas as formas que a psique se manifesta buscando a individuação.

Como disse anteriormente, minha proposta é fazer uma provocação. Muitas vezes nos vemos tão envolvidos no mundo dos contos de fadas, mitos e sonhos e não percebemos que eles apontam para nossa realidade social. Acredito que a psicologia junguiana tem muito a contribuir com as questões sociais, com o conhecimento e uso dos contos de fadas para uma educação que valorize a vida, privilegiando o desenvolvimento coletivo.

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Fabricio Fonseca Moraes (CRP 16/1257)

Psicólogo Clínico de Orientação Junguiana, Especialista em Teoria e Prática Junguiana(UVA/RJ), Especialista em Psicologia Clínica e da Família (Saberes, ES). Membro da International Association for Jungian Studies(IAJS). Formação em Hipnose Ericksoniana(Em curso). Coordenador do “Grupo Aion – Estudos Junguianos”  Atua em consultório particular em Vitória desde 2003.

Contato: 27 – 99316-6985. /e-mail: fabriciomoraes@yahoo.com.br/ Twitter:@FabricioMoraes

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Revista Hermes – um grande presente de Natal para os junguianos

Com muita alegria recebemos a noticia que a Revista Hermes, que é a publicação do Curso de Calatonia: Integração Corpo e Mente do Instituto Sedes Sapientiae, agora está em formato digital, on-line, e gratuitamente disponivel na internet.

Este foi um grande presente de natal para os junguianos. Com todo o conteúdo de 20 anos de publicações on-line, o acervo da Hermes contribuirá com os estudos junguianos em todo o Brasil.

Esperamos sinceramente ao que as outras revistas a “Junguiana” da SBPA e o “Cadernos Junguianos” AJB possam seguir o exemplo e contribuir com o desenvolvimento da psicologia analítica divulgando o seu conteúdo.

Basta visitar o site http://www.revistahermes.org/ 

Certamente ficamos gratos ao Instituto Sedes Sapientiae e aos Responsáveis pela revista Hermes.

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Feliz Natal e um Próspero Ano Novo

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